Terreno na Rua Mourato Coelho, prestes a receber novo empreendimento |
Encontrar terrenos vazios nas regiões mais centrais da cidade de São Paulo pode parecer uma missão quase impossível. Mas para um grupo de profissionais do mercado imobiliário essa busca além de viável representa também uma fonte de renda considerável. Em alguns casos, as comissões pela garimpagem de áreas livres em endereços nobres podem chegar até R$ 500 mil em apenas uma negociação.
Hoje, entre os bairros mais visados pelos caçadores de terrenos estão Pinheiros, Lapa, Vila Leopoldina, Butantã, Vila Sônia, Morumbi, Itaim-Bibi e Santo Amaro. Os maiores obstáculos para o fechamento de uma venda são a pesquisa de locais disponíveis e as tentativas de se convencer os proprietários dos imóveis a aceitarem a oferta, o que nem sempre ocorre com facilidade.
Um dos entraves mais comuns durante a negociação de um terreno ocorre quando um “garimpeiro” bate o martelo com vários donos de estabelecimentos localizados num mesmo quarteirão. Porém, eventualmente um dos que recebeu a proposta de compra exige valor mais alto. Mas, na maioria dos casos, o insatisfeito acaba cedendo por um novo preço ou pela possibilidade de desvalorização da propriedade após as obras.
Os espaços mais visados pelos garimpeiros estão geralmente situados em bairros com infraestrutura e bem servidos em opções de transporte. Entre os exemplos de áreas com este perfil na cidade estão o Jockey Club, uma parte do Esporte Clube Pinheiros, o bosque do antigo Colégio Des Oiseaux e o terreno onde funcionam oito equipamentos públicos no Itaim Bibi.
Até áreas já com urbanização consolidada correm o risco de ter o seu perfil alterado pela expansão do mercado imobiliário. Ao longo da Avenida Vital Brasil, por exemplo, empreendimentos comerciais começam a surgir, cenário que pode fazer a região ganhar status semelhantes a da Avenida Engenheiro Luis Carlos Berrini, reconhecida como um dos polos financeiros da Capital.
Críticas
Porém, a caça por terrenos disponíveis é contestada por muitos urbanistas, pois a construção de novos empreendimentos em regiões já adensadas pode gerar consequências graves. “Quando se ergue um novo edifício, o bairro perde área permeável, resultando em alagamentos onde antes não ocorriam”, afirma o arquiteto e urbanista Heleno de Freitas.
Outro reflexo da construção de mais prédios está a intensificação do trânsito, o que deve acontecer no Itaim-Bibi se o terreno público onde hoje estão duas escolas, um teatro e unidades de saúde for negociado pela Prefeitura de São Paulo com a incorporadora JHSF. "Além de perder os serviços prestados por estes equipamentos, o bairro, que é o recordista em emplacamentos na Capital, sofrerá ainda mais com o trânsito, pois cada uma das novas torres jogará mais carros nas ruas”, afirma a urbanista e presidente do Movimento Nossa São Paulo, Lucila Lacreta.
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