sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Esportes | Correr para mudar o Destino

Sílvia Vinhas
Bandsport*
Correr para mudar o destino

Desde Forest Gump, filme com Tom Hanks no papel de um homem que corre para mudar seu destino, não fico tão impressionada com uma boa história. Da vida real, com script hollywoodiano!
Durante 69 dias os corredores escuros e empoeirados foram testemunhas do desafio de Edson Peña,de 34 anos, o 12º mineiro resgatado na mina  San Jose, em Copiapó, no Chile. Com tênis improvisado: uma bota com cano curto cortado e ao som de Elvis Presley, desafiava a si mesmo e a mina dizendo “vou correr até você cansar de mim". Depois de treinar em situação precária por até 9 km por dia, machucou o joelho. E outro desafio surgiu: vencer suas dores físicas, da alma, do peito. Angústia que o suor não tira nem alivia. Chegou a ser internado com forte sentimento de angústia e foi um dos poucos sobreviventes que voltou ao hospital desde o dia 13 de outubro, data do resgate.
No domingo passado Edson Peña completou o percurso de 42 km e 195 metros da Maratona de Nova York em 5 horas e 40 minutos. A forte temperatura e dores nos joelhos fizeram com que Peña andasse por alguns quilômetros com bastante gelo nos lugares que incomodavam. Para ele, a maratona foi um sinal de valentia e de luta.
Momentos dramáticos de superação engrandecem o valor do esporte. Estava em Los Angeles, acompanhando o final da maratona nos Jogos Olímpicos de 1984, quando a suíça Gabrielle Andersen-Scheiss entra no estádio olímpico, atormentada por câimbras e dores de lado, a poucos metros de uma chegada triunfal. Inesquecível.
Chorei até o final e jamais esquecerei essa cena, como a alegria pulsante da vitoria de Peña que venceu seus medos suas dores e a escuridão.

*Sílvia Vinhas é apresentadora do programas BandSports News, o Conectado, Opinião Livre e o ACE.

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