A falta de árvores em São Paulo não é apenas um problema cenográfico. Além de diminuir o risco de escorregamento de encostas e de alagamentos, a vegetação serve para melhorar a qualidade do ar e para resfriar a temperatura. “Estamos perdendo árvores raras e exemplares estrangeiros da época da São Paulo rural”, diz o ambientalista Ricardo Cardim, autor do blog arvoresdesaopaulo.wordpress.com. “Além disso, as árvores não são enfeites, elas são fábricas de qualidade de vida para as pessoas.”
Até nos locais mais verdes de São Paulo, como as regiões da Cidade Universitária, no Butantã, e do Parque Ibirapuera, as árvores sofrem para conseguir espaço.
Segundo pesquisa inédita realizada nos Jardins, zona Sul, metade das 2,2 mil espécies plantadas nas ruas do bairro está sufocada por alguma barreira física, como um canteiro de cimento, lixeira, banca de jornal ou mesmo uma guarita de segurança. E três em cada dez já destruíram as calçadas.
O diagnóstico, almejado por moradores dos Jardins desde 2006, ocorre no quadrilátero formado pelas Avenidas Brasil, 9 de Julho, Brigadeiro Faria Lima e Rebouças. A região é considerada o “ar-condicionado” natural da cidade, ao lado do Parque Ibirapuera.
De acordo com o engenheiro agrônomo Luiz Gustavo Ripani, da Eletropaulo, a realidade dos Jardins - bairro tombado pelo Conselho Estadual de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat) por manter espécies centenárias - é semelhante às condições encontradas em Pinheiros, Pacaembu e Morumbi. De maneira geral, os resultados obtidos são ruins.
Os dados estão em um estudo em desenvolvimento pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e pela associação AME Jardins, cujo objetivo é listar quantas e quais árvores do bairro correm risco de cair. O investimento, de R$ 500 mil, é da AES Eletropaulo, que visa reduzir o número de interrupções de energia elétrica em função da queda de galhos de árvores em sua rede - hoje, 56% dos casos ocorrem por esse motivo.
O diagnóstico, almejado por moradores dos Jardins desde 2006, ocorre no quadrilátero formado pelas Avenidas Brasil, 9 de Julho, Brigadeiro Faria Lima e Rebouças. A região é considerada o “ar-condicionado” natural da cidade, ao lado do Parque Ibirapuera.
O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira, todas as árvores foram analisadas externamente. “Fizemos a medição de cada uma delas, depois procuramos identificar a presença de cupins, de fungos e de interferências artificiais, como espelhos, fios e pregos. Na segunda etapa, vamos usar aparelhos não destrutivos, como tomógrafos, para fotografar as árvores por dentro”, diz o Sérgio Brazolin, pesquisador do IPT.
A previsão é finalizar a pesquisa até o fim de junho e entregá-la à Prefeitura para que seja usada como base no programa municipal de arborização.
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