sexta-feira, 28 de outubro de 2011

País Imaginário

Silvia Vinhas
BandSports
A reflexão que o juiz de Direito Marcelo Semer fez em seu blog sobre a FIFA vale reprise. A entidade se coloca acima do bem e do mal em nome da organização de um dos maiores eventos do planeta, a Copa do Mundo. A briga pela Lei Geral da Copa, imposta ao país-sede chega a ser utópica. A FIFA quer, por exemplo, rapidez e não embaraços para os vistos de quem participa do evento e de quem lucra com ele. Quer ultrapassar prazos e obstáculos para a garantia da propriedade intelectual, quer uma justiça rápida e ágil para as causas que enfrentar, ou que a União enfrentar por ela. Para quem conhece o Direito, sabe que a lei da Copa pode ser tudo, menos geral. É uma lei de específica legislação. Tudo o que nela está escrito se desmanchará no ar em dezembro de 2014. Infelizmente. Um país imaginário e perfeito que dura até o apito final no Maracanã.
Mas convenhamos, exigir a liberação de bebidas alcoólicas nos estádios, negar o direito do jovem e dos idosos da meia entrada, proibir as lojas e ambulantes que sobrevivem das vendas no entorno do estádio por conta de interesses e contratos publicitários é invadir e desprezar o direito do cidadão que recebe o evento. Essa tem sido a maior guerra que a presidente Dilma Roussef trava com a entidade para aceitar a Lei Geral.
E pra finalizar, o pior de todos os desastres. Com o atraso nas obras dos estádios, a seleção brasileira pode nem chegar a conhecer o novo Maracanã.
Marcelo Semer nos leva a outra reflexão: para quem supõe estranheza com o tamanho do poder de uma entidade internacional com começo, meio e fim lucrativo, devia entender o recado que os indignados estão espalhando mundo afora, do Cairo a Barcelona, de Nova York a São Paulo.
Silvia Vinhas é apresentadora dos programas Magazine e Opinião Livre, dos canais Bandsports e TV Unip, respectivamente. Fale com ela: leitor@grupo1.com.br

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