sexta-feira, 6 de abril de 2012

Reflexão e Superação

Silvia Vinhas
BandSports
Um momento de reflexão é sempre um encontro com os mais difíceis sentimentos. A pior luta de todas está dentro de nós. O desempenho das tarefas diárias passa rápido, atropelando o tempo e desafiando o corpo, os desencontros do físico com o espírito travam batalha silenciosa, somatizando as emoções. Somos prisioneiros dos medos que tentamos superar todos os dias. Quantas vezes fazemos planos e somos paralisados pelo temor do novo. A busca pelos ideais desgasta a alma. A solução perfeita está dentro de nós. Uma busca misteriosa que nos obriga todos os dias a encontrar novos caminhos.
O esporte é o maior exemplo de que o desafio do ser humano em vencer seus próprios limites é o segredo da superação. Lutar contra a exaustão, testar, ignorar os apelos do corpo. Durante anos acompanho atletas nessa busca incessante, nunca esquecerei a fisionomia de dor e desespero quando Ronaldo rompeu o joelho. Após cinco meses de muita fisioterapia, Ronaldo retornou aos campos no dia 12 de Abril de 2000. O momento que era para ser de muita alegria se tornou dramático. Sete minutos após estar no gramado, contra a Lazio, pela final da Copa da Itália, o fenômeno machucou gravemente o mesmo joelho da primeira lesão e ficou 15 meses parado. Hoje, sabemos como foi o final dessa história de superação.
Como esquecer também, a insistência de Guga em não parar de jogar mesmo com dores lancinantes no ombro?
O mundo acompanhou em Los Angeles, 1984, a superação olímpica da maratonista suíça Gabrielle Andersen. Chegando ao Coliseu, Andersen estava em péssimas condições, mal conseguia andar, câimbras fortes e dores no corpo. Ela não aceitou ajuda médica, que ocasionaria sua desclassificação, para terminar a prova, mesmo em último lugar.
Tem também aqueles que querem superar a passagem do tempo. O super nadador australiano, cinco vezes campeão olímpico, Ian Thorpe, perdeu a última chance de participar dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, ao fracassar em se classificar para as semifinais dos 100 metros nado livre em uma prova seletiva australiana.
A mente ainda deseja a adrenalina da competição, a mente traiçoeira que nos deixa eternamente jovens e o corpo não acompanha. Estudos científicos continuam a buscar respostas. O mistério da mente humana ainda desafia a Ciência. Mas uma certeza já temos: nada é mais prazeroso para o corpo, para o cérebro e para nossa vida do que a conquista da vitória. Chegar lá, seja qual for sua missão, exige perseverança. O lugar mais alto do pódio nos faz alçar vôo livre e acreditar que bem trabalhados, mente, corpo e alma podem seguir juntos.
Silvia Vinhas é jornalista, apresentadora dos canais Bandsports, TV Unip e da Mega TV, nos programas Bandsports News ,Opinião Livre e Conectado, respectivamente.

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