Se, como dizia o líder indiano Mahatma Gandhi, “todas as religiões são boas, e levam os homens à bondade, à solidariedade e à cultura”, não vemos porque colocar o ódio, a crendice ou o fanatismo em discussão.
A propósito, Kamila Shamsie, em seu livro, “Sombras marcadas”, editora Alfaguara, registra: “Hiroko, japonesa que foi vítima com fortes queimaduras em Nagasaki (quando os americanos lançaram a bomba atômica), agora em Karachi-Índia/Paquistão, em uma livraria, falou para o livreiro: “Preciso aprender russo para ler o famoso “Guerra e Paz”, de Dostoievsky”, um homem (muçulmano) que estava ao seu lado, disse: Você não pode ler esse livro, os russos são inimigos do islã.
A professora Hiroko, que além do japonês, falava árabe, inglês, francês e alemão, ouviu do livreiro: “Que época vivemos, recentemente, um grupo de jovens, recé-barbados, fanáticos, entrou aqui e começou a tirar vários livros das prateleiras à procura de capas anti-islâmicas”. Hiroko respondeu-lhe: “Não vai durar. Lembro-me dos pilotos fanáticos ‘kamikazes’, soldados japoneses, na guerra (1945), que jogavam seus aviões cheios de bombas contra os navios norte-americanos. Não chegaram a nada. Puro fanatismo, induzidos por seus superiores que inventavam que os norte-americanos eram inimigos, demônios, infiéis… Deu no que deu. O Japão perdeu a guerra, milhares – milhões de pessoas – perderam a vida, aqui em Karachi, também muitos paquistaneses e indianos vão perder a vida por fanatismo religioso”, diz a professora Hiroko Tanaka.
De fato, a disputa por Kashimira (India –Paquistão), até hoje não foi resolvida (60 anos de discórdia), milhares de pessoas morreram, e ainda morrem, e o fanatismo religioso impera. Não vão chegar a lugar nenhum, por falta de diálogo, compaixão, amor e compreensão.
O Donnini, jornalista- oduvaldodonnini@terra.com.br
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