Cada vez mais escassa, a água virou objeto e disputas ferrenhas devido a interesses particulares. E o Brasil não está livre de batalhas pela água, principalmente em grandes metrópoles como São Paulo, onde a poluição e o crescimento desordenado comprometem uma das mais ricas redes fluviais do planeta. Calcula-se que o País tenha de investir cerca de 22 bilhões de reais para evitar o desabastecimento nas grandes cidades até 2015. Para despoluir os rios, mais 43 bilhões.
Praias do litoral norte de São Paulo como Maresias, Juqueí, Camburi e Baleia atingiram seu pior índice de poluição dos últimos dez anos. O grande responsável pela piora dos índices de balneabilidade, segundo o relatório das praias divulgado pela Cetesb (agência ambiental estadual), é o despejo de esgoto doméstico no mar, ou seja, culpa da Sabesp por despejar tudo in natura em rios, córregos e mares, contribuindo assim para poluir ainda mais o meio ambiente. É comum nas praias do litoral brasileiro, a falta de um sistema eficiente de coleta. Quando chove muito nessas regiões, a situação piora, pois mais esgoto acaba chegando ao mar.
No litoral norte, por falta de fiscalização da Sabesp, muitas casas, inclusive as de alto padrão, jogam dejetos nos córregos que cortam a planície costeira. Tudo, então, é levado ao Oceano Atlântico. Um caso típico de casas poluindo o rio ocorre em Toque-Toque Pequeno, no município de São Sebastião. A praia, desde 2008, é rotulada como regular pela CETESB.
“A Sabesp investe, mas também agrava a situação. Basta saber que nem 20% do esgoto coletado passa por um tratamento”, disse o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, lembrando a necessidade da cobrança do serviço feito pela companhia. “Para ela ter direito a esse pagamento, tem de fazer coleta, transporte e tratamento”, completou.
Herói do Tietê
Com uma grossa roupa de PVC e um capacete amarelo que lembra um super-herói japonês, José Leonildo Rosendo dos Santos é um dos poucos mergulhadores do País treinados para entrar no Rio Tietê, aquela massa lenta de água fétida que no não passado teve importância vital na história da metrópole.
Leonildo, como gosta de ser chamado, calcula já ter feito 3,5 mil mergulhos no rio em 23 anos de trabalho em São Paulo, algo como 152 mergulhos anualmente. Já chegou a ficar quase oito horas embaixo d’água no mesmo dia – hoje, a legislação permite apenas 4 horas diárias, tamanho o risco de trabalhar em lugar que recebe 690 toneladas de esgoto por dia. Com sua roupa especial que dura apenas três a seis meses em condições tão desfavoráveis, ele é chamado para resolver todo tipo de pepino no Tietê, de conserto de balsa e limpeza de grades à procura por equipamentos perdidos e colocação de explosivos para obras, passando por retirada de veículos ou até mesmo corpos de pessoas.
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