sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Prefeitura autoriza mais prédios na região. Trânsito pode piorar

Bairros já saturados da Capital, como Pinheiros e Itaim Bibi poderão ganhar mais prédios se a Câmara Municipal aprovar o projeto de lei do prefeito Gilberto Kassab que prevê a venda de R$ 2 bilhões em títulos da Operação Urbana Faria Lima. A medida pode permitir com que empreendimentos acima do zoneamento sejam construídos nas imediações do Largo da Batata e das avenidas Hélio Pellegrino e Juscelino Kubitschek, agravando assim, o trânsito na região.  
A intenção do prefeito é fazer com que os recursos obtidos por meio da negociação de 500 mil Certificados de Potencial Construtivo (Cepacs), sejam investidos nos bairros onde serão erguidos novos prédios. Em Pinheiros, as obras de revitalização do Largo da Batata devem ser retomadas, e no Itaim Bibi pode começar a sair do papel o bulevar da Juscelino Kubitschek – com ligação subterrânea entre a Avenida 23 de Maio e o Morumbi.
No entanto, o projeto de Kassab gera críticas de urbanistas e alguns vereadores, pois caso seja aprovado, pode potencializar problemas já existentes na cidade. “Na Avenida Brigadeiro Faria Lima o trânsito deve piorar ainda mais, pois com novos empreendimentos, residenciais ou de escritórios, haverá mais carros na região”, afirma o vereador Aurélio Miguel (PR). “Não temos mais áreas verdes por aqui, e agora querem construir mais prédios, vão agravar o que já está ruim”, se mostra insatisfeito o diretor do Movimento SOS Itaim Bibi, Helcias Pádua.
Além da Faria Lima a cidade conta com outras operações urbanas, como a Água Branca, Água Espraiada e Lapa-Brás. Todas consistem em obter recursos do setor imobiliário por meio da venda de títulos – conhecidos também como outorgas onerosas –, que autorizam às construtoras subirem empreendimentos acima do limite estabelecido pelo Plano Diretor. Os valores arrecadados são convertidos em melhorias urbanísticas na própria região dos terrenos negociados.
No entanto, o urbanista Nadir Curi, morador de Pinheiros desde 1968, não considera as operações uma solução consistente para os problemas da Capital. “Na prática, esses projetos resultam em ações pontuais, um ‘acordo’ entre o Município e a iniciativa privada com pouca sustentação qualitativa. Exemplos: outorgas onerosas aplicadas no túnel da Avenida Rebouças sob a Avenida Brigadeiro Faria Lima. Na verdade, a sobreposição dessas vias deveria ser feita de maneira oposta, com a Faria Lima abaixo da Rebouças. As operações não resolvem as ‘doenças’ do local, como o trânsito, por exemplo”.

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