A falta de árvores não é apenas um problema cenográfico. Além de diminuir o risco de escorregamento de encostas e alagamentos, a vegetação serve para melhorar a qualidade do ar e para resfriar a temperatura da cidade.
Nos primeiros sete meses do ano, a Prefeitura de São Paulo autorizou o corte de 18.005 árvores, o mesmo número existente nos Parques Ibirapuera e Villa-Lobos juntos. É como se todas as árvores do Ipiranga e de Santo Amaro tivessem sumido – saíram os jerivás e pimenteiras, entraram os prédios residenciais e obras de infraestrutura.
Foram 84 árvores a menos por dia, 2.572 por mês. O levantamento foi feito com base em dados da Comissão do Verde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo e nas autorizações de corte de árvores publicadas no Diário Oficial da Cidade. Em 2010, segundo a Prefeitura, 10.693 árvores foram cortadas.
Esses balanços não levam em conta o corte ilegal de vegetação e o desmatamento de áreas ocupadas por favelas, o que inflaria o número para patamares mais impressionantes.
Da Vila Mariana ao Morumbi, a zona Sul foi a que mais perdeu árvores em 2011. Em um terreno na Rua Diego de Castilho, no Panamby, por exemplo, 79 árvores serão cortadas para dar lugar a um prédio. Em contrapartida, a construtora afirma que terá de preservar 36 árvores, plantar outras 83 no próprio terreno e doar 2.074 mudas. Perto dali, no Campo Belo, também foi autorizada a retirada de 77 árvores para construção de três edifícios.
Já na Vila Mariana, o corte de 45 árvores no terreno o Instituto de Engenharia (IE) ainda causa indignação na vizinhança. No dia 23 de julho, moradores foram acordados com o som de motosserras. No local, foram informados de que seriam cortadas mais de 40 árvores que tinham pragas.
Eles questionam se não haveria outra solução para o problema. O IE disse possuir um relatório que comprova a necessidade de cortar árvores e de podar outras 187. A Subprefeitura da Vila Mariana informou que o corte seguiu todos os trâmites legais.
Segundo a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, o acompanhamento das obrigações ambientais é feito mediante “a apresentação de medição das obras”. O órgão afirma que técnicos conferem árvore por árvore plantada.
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