A expansão do mercado imobiliário na capital paulista já derrubou desde 2007 mais de 4.700 imóveis, entre sobrados e galpões que deram lugar a edifícios comerciais ou residenciais de alto padrão. No entanto, para alguns especialistas, essa situação pode resultar na descaracterização de bairros antigos, como Pinheiros, por exemplo.
De acordo com dados publicados no Diário Oficial da Cidade, referentes a imóveis demolidos, somente neste ano foram ao chão 204 estabelecimentos, enquanto em 2010, foram 1.590, período com mais casos deste tipo nos últimos cinco anos.
Em Pinheiros, os empreendimentos são construídos com velocidade. Hoje, três terrenos estão em obras, nas ruas Cardeal Arcoverde, Mourato Coelho e Amália de Noronha. Nestes locais, trechos inteiros com cerca de seis a dez sobrados foram derrubados para que sejam erguidos novos espigões.
Para o arquiteto e urbanista Caio Ferrer Giglio, a ampliação do setor imobiliário põe em risco a identidade do bairro, que até os anos 1980 ainda era caracterizado pelos seus sobrados antigos. “Os impactos dessas mudanças não se restringem somente à paisagem, pois geralmente quem escolhe morar nestes novos empreendimentos vem de outra região, sem nenhuma identificação direta com Pinheiros”.
Outro problema ocasionado pelos novos conjuntos residenciais é o aumento do trânsito em ruas já saturadas, como Teodoro Sampaio e Cardeal Arcoverde. “Precisamos de um planejamento que controle a construção de mais edifícios, polos geradores de tráfego em potencial. É a qualidade de vida dos paulistanos que está em jogo”.
Entre os locais do bairro onde ainda é possível encontrar quarteirões inteiramente preservados estão as vilas situadas nas imediações do Largo da Batata, com imóveis de fachada estilo art decó, estilo de arquitetura típico do início do século 20. Nestes espaços ainda é mantido o clima de uma época em que os vizinhos se conheciam e as crianças brincavam na rua.
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