Sexo oral sem uso do preservativo é uma das principais formas de transmissão, aponta David Uip, diretor do hospital estadual
A cada dia, cinco casos novos de sífilis entre adultos, em média, são confirmados pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade da Secretaria de Estado da Saúde - referência nacional em doenças infectocontagiosas, na capital paulista.
Segundo o médico infectologista David Uip, diretor do hospital, o sexo oral sem o uso do preservativo tem sido uma das principais formas de transmissão da doença.
Entre novembro e dezembro de 2011 o Emílio Ribas diagnosticou 369 casos de sífilis, dos quais 347 em pessoas do sexo masculino.
A maioria dos infectados tem entre 40 e 43 anos de idade. Segundo o relato dos médicos, é comum os pacientes narrarem que mesmo utilizando o preservativo no momento do sexo vaginal ou anal, consequentemente dispensam o uso da camisinha durante o sexo oral.
“Não temos dados estatísticos deste comportamento, porém podemos afirmar que nas consultas ambulatoriais e de emergência, quase a totalidade dos pacientes com sífilis relatam não usar o preservativo no momento do sexo oral”, afirma David Uip.
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível. Silenciosa, pode ser confundida muitas vezes com uma simples alergia ou irritação. Os agravos da sífilis são apresentados em três estágios: primário, secundário e terciário. Após o contato sexual, os sintomas da sífilis primária podem aparecer entre duas e três semanas. A doença se manifesta com pequenas lesões, que são chamados de “cancro duro”, não dolorosas, na vagina, no pênis e na boca. Os sintomas tendem a desaparecer mesmo sem o tratamento devido e retornam depois de meses, seguindo para a segunda fase da doença.
Nesta fase secundaria da sífilis, os sintomas voltam depois de meses, em alguns casos, semanas. São caracterizados pelas erupções principalmente nas palmas da mão e na planta do pé, ou em outras partes do corpo, acompanhado de febre alta, falta de apetite e prostração. Quando a sífilis não tem o tratamento completo e adequado, ela pode não apresentar sintomas e evoluir depois de décadas após o contágio. Durante todo esse período, o indivíduo contaminado pode continuar transmitindo a bactéria. As consequências podem levar a danos neurológicos graves como demência, meningite e dificuldade para andar, além das cardiopatias. “ A população deve estar atenta ao uso do preservativo seja no sexo vaginal, ou no sexo oral. É o tipo de doença que é ignorada e é de extrema gravidade, pois quando não tratada corretamente pode causar sérios problemas de saúde”, enfatiza o diretor do Emílio Ribas.
Quanto mais cedo o diagnóstico e o tratamento da sífilis, preferencialmente na fase primária, menor o risco de complicações permanentes. No Instituto Emílio Ribas os pacientes que apresentam os sintomas da sífilis podem realizar o teste gratuitamente. Trata-se de um exame de sangue que revela o resultado em dois dias úteis.
O tratamento é à base de penicilina benzatina e o paciente deve permanecer em acompanhamento durante meses. O desaparecimento dos sintomas não é garantia de cura, que só pode ser avaliada pelo médico por meio de monitoramento clínico e laboratorial até que seja constatada a cura da doença.
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