sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Cidade | Pinheiros nosso bairro

O adeus de um bairro registrado em imagens

Pinheiros é considerado pelos historiadores como um dos bairros mais antigos da cidade de São Paulo, com 450 anos completados em 2010. Porém, com o início da reconversão urbana do Largo da Batata e a chegada de uma nova linha do Metrô na sua área central, parte significativa de sua história começa a mudar. A fim de registrar essa transformação, o professor de fotografia Emidio Luisi desenvolveu um curso realizado no SESC Pinheiros, que resultou na exposição “Etnografia Pinheiros: Nosso Bairro, Nossa Gente”, em cartaz até domingo (30), na Rua Paes Leme, 195.
A mostra reúne mais de 100 imagens captadas pelas lentes dos alunos de Emidio Luisi, que passaram cerca de 40 dias clicando lugares conhecidos e pessoas anônimas com o objetivo de compor uma galeria de rua ao lado do SESC, onde o cotidiano e a história do bairro ficassem em evidência. “Escolhemos um espaço público para apresentar os trabalhos, pois é um local democrático, onde todos podem se identificar com o ambiente urbano que habitam e se reconhecer nos rostos daqueles que estão nas fotografias”, diz Emidio.
Emidio Luisi nasceu na Itália em 1948 e veio com a família para São Paulo aos 7 anos de idade. Cresceu na Barra Funda, onde predominava a imigração italiana e os moradores preservavam costumes do país de origem. Devido à proximidade do bairro em que morava em relação a Pinheiros, conheceu um Largo da Batata que em breve existirá apenas em suas lembranças e na de moradores e comerciantes antigos. “O que notamos ao longo do trabalho foi que as pessoas sentem necessidade em contar como era o lugar onde hoje vivem e que talvez não estarão mais daqui a alguns anos ou até meses, pois amigos e vizinhos já não fazem mais parte dali”.
Para Emidio, a mostra tem o papel fundamental de preservar as memórias de um espaço da cidade que não será mais o mesmo em prol do progresso. “A revitalização do Largo da Batata e a chegada do Metrô proporcionam modernidades que valorizam a região, mas fazem com que calçadões e grandes prédios substituam pessoas que há mais de meio século construiriam a história de um dos bairros mais tradicionais de São Paulo. Creio que em menos de cinco anos, Pinheiros já não será mais o mesmo de outros tempos”.
Etnografia Pinheiros: Nosso Bairro, Nossa Gente - Rua Paes Leme, 195, ao lado do Sesc Pinheiros / Tel.:3095-9400. Até 30 de janeiro.
Diego Gouvêa

Um comentário:

  1. Fui um dos que participaram deste curso, além da excelência didática do Emidio Luisi, com quem já tive oportunidade de participar de outros projetos; andar pelas ruas do bairro, fui uma gratificante descoberta, uma descoberta de verdadeiros oásis que ficam escondidos atrás da monumentais avenidas e seus arranhacéus. Foi gratificante as andanças que fiz nestes 40 dias, ouvindo hitórias e muito mais conhecendo pessoas incríveis, que ao ver seu bairro mudado e em alguns lugares abandonado, seus olhos brilhavam por cristalina emoção que a lembrança daqueles tempos idos lhes traziam à tona. Parabéns aos colegas de que deste projeto participaram, parabéns ao Emídio e muito obrigado aos antigos Pinheirenses, bravos resistentes destes novos tempos. Ricardo B. Lou

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