Ciência – Fé – Religião
A entrevista virtual com o cientista Sam Harris, formado em filosofia pela Universidade de Stanford-USA e autor de vários livros premiados, leva aos nossos leitores como a ciência está tendo uma forte influência na fé e na religião.
G1 – Em seu livro “Carta a uma Nação Cristã”, o Sr. fala da moralidade, da honestidade e da humildade do ateísmo. Como é isso?
Sam Harris – A religião divide os povos, exacerba os conflitos entre as várias seitas, provocando ódios e divisões. Esse comportamento apaixonado dificulta a compreensão e apaixona as pessoas, levando-as a caminhos irracionais. Já no ateísmo, só uma bandeira flâmula: a da lógica, da ciência e da compreensão.
G1 – O que o Sr. nos diz sobre a tolerância religiosa?
Sam Harris – Bilhões de pessoas acreditam que o criador do universo escreveu (ou ditou) um dos nossos livros (Bíblia ou Alcorão), embora há muitos livros que alegam ter autoria divina, e fazem afirmações incompatíveis entre si a cerca de como nós todos devemos viver. Doutrinas religiosas rivais fragmentaram o nosso mundo em comunidades morais separadas, e essas divisões se tornaram uma causa incessante de conflitos humanos. Diante de tal quadro impera a intolerância. Ora, o homem racional, inteligente e distante de todo tipo de religião e fé, é, por excelência, tolerante.
G1 – Fale-nos sobre o conflito entre ciência e religião.
Sam Harris – O conflito entre ciência e religião pode deduzir-se a um simples fato do discurso humano: ou uma pessoa tem bons motivos para acreditar naquilo que acredita ou não tem. Se houvesse boas razões para acreditar que Jesus nasceu de uma mulher virgem ou que Maomé voou para o céu em um cavalo alado, essas crenças necessariamente fariam parte da nossa descrição racional do universo. Já é hora de reconhecermos que a “fé” não é nada mais do que a licença que as pessoas religiosas dão umas às outras para continuar acreditando, quando não há razões para acreditar.
O. Donnini, jornalista.
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