Há tantos anos na profissão e ainda não me acostumo com os ânimos exaltados das torcidas. Basta um resultado adverso para que o amor se transforme em ódio e o ídolo em vilão.
Silvia Vinhas BandSport |
E o futebol é o protagonista desta conturbada relação de amor e ódio. Consegue como nenhum outro deflagrar sentimentos altamente antagônicos e intensos. As imagens de violência da torcida corintiana contra o Timão e jogadores foram assustadoras. Ronaldo e Roberto Carlos, antes heróis reverenciados, transformados em bandidos traidores. Amigos meus, jornalistas com alto nível intelectual, e “corintianos roxos”, apoiando o vandalismo barato, comprovando que o futebol nivela classes sociais.
Na Copa do Mundo da África do Sul, quando perguntado pelo jornalista Beetto Saad se era mais fácil dirigir o Brasil ou torcer pelo Corinthians, o presidente Lula respondeu, sem pestanejar, que preferia governar o País. Sinal de que até o presidente sabe da impotência de ser um simples torcedor.E essas reações se repetem por todas as torcidas. Jovens são mortos em confrontos, cidades se dividem, a polícia é atacada por uma força desproporcional quando multidões são movidas pela paixão.
Uma linha tênue separa um sentimento desequilibrado, que enaltece e “endeusa” Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. O craque recebeu até placa em homenagem ao primeiro gol marcado pelo Flamengo. Sua chegada no time foi ovacionada por mais de 20 mil torcedores que ensandecidos com a possibilidade de novas conquistas, esqueceram a tristeza e a tragédia das enchentes serranas, em janeiro. A estreia de Rivaldo no São Paulo, com direito a gol de “chapéu”, também enlouqueceu a torcida no Morumbi.
A linha é tênue porque basta um deslize, um erro, um lance incompleto, uma jogada não muito bem ensaiada, para lembrar que “a mesma mão que afaga, apedreja”. Da noite para o dia, a torcida que canta e embala seus ídolos à noite, amanhece violenta e irracional.
Afinal, o que move a emoção do torcedor?
Afinal, o que move a emoção do torcedor?
Silvia Vinhas é apresentadora dos programas Magazine e Opinião Livre, dos canais Bandsports e TV Unip, respectivamente. Fale com ela: leitor@grupo1.com.br
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