Apesar de ser uma das mais importantes rodovias do Estado e uma das mais extensas, com
654 quilômetros, a Raposo Tavares parou no tempo e foi esquecida pelo poder público estadual e municipal.
Tanto Cotia como Vargem Grande Paulista, São Roque, Brigadeiro Tobias e Sorocaba têm a rodovia passando pela área urbana. Como as cidades ficam divididas pela estrada, os pedestres precisam enfrentar os veículos para atravessá-la. Nesses pontos, o comércio tomou conta dos dois lados da rodovia. Há lombadas, semáforos, faixas de pedestres e algumas passarelas. Acidentes ocorrem com frequência. Em alguns trechos, a estrada parece uma avenida.
Durante os horários de pico a situação se agrava, sendo que apenas as motos conseguem se deslocar entre caminhões e ônibus, motivo pelo qual acontecem inúmeros acidentes. Na altura do quilômetro 15, onde estão situados shoppings e grandes supermercados, o trânsito se afunila e forma congestionamentos enormes diariamente, levando até duas horas o percurso de oito quilômetros.
Nesse trecho, algumas ruas que dão acesso à rodovia, como a Ary Aps, também intensificam o tráfego na região.
Para contornar essa situação, uma série de projetos viários vem sendo programados desde 2008 pelo poder público, mas até o momento se quer sairam do papel. Entre as obras programadas para a região, anunciadas na época como praticamente certa pelo então subprefeito do Butantã, Maurício Pinterich previa a construção de uma via paralela para transporte público local, retirada do semáforo na altura do km 12, havendo uma passagem subterrânea e um túnel na Raposo Tavares, com custo calculado em R$ 600 milhões. O mesmo projeto, com modificações , para aliviar custos, mostrava a continuidade da via no local hoje ocupado pela Rua Alvarenga, até a Marginal Pinheiros, tendo a Av. Dr. Vital Brasil com uma passaagem de nível.
Como o governo estadual nada fez nesses três anos e “esqueceu” dos projetos (governo José Serra e municipal Gilberto Kassab), a CCR, empresa concessionária que administra parte da Rodovia Raposo Tavares, está dando os primeiros sinais de seu empenho em viabilizar um megaprojeto de ampliação da rodovia. O start é uma pesquisa em andamento com moradores do entorno para avaliar o quando uma obra de largas proporções para a melhoria da fluidez da via seria aceita pela população.
A obra tem valor estimado de 1,5 bilhão de reais e prevê a ampliação do número de faixas de três para seis em cada sentido, do início da Raposo em São Paulo até o km 34 em Cotia. Ainda, para acabar com o gargalo na chegada à capital, seria construída uma passagem em nível, um túnel que ligaria o trecho inicial da rodovia à Marginal Pinheiros, próximo à Ponte Cidade Universitária - semelhante ao Túnel Fernando Vieira de Mello, que liga a Avenida Rebouças à Avenida Eusébio Matoso.
Mas tudo tem seu preço. Para viabilizar a obra, um sistema de pedágio eletrônico seria implementado na rodovia, cobrando de 15 a 20 centavos por quilômetro percorrido. O motorista pagaria apenas pelo trecho utilizado. O custo é calculado por meio de sensores eletrônicos que leem a placa do veículo e cobram posteriormente, por meio de cartão de débito próprio, TAG (Sem Parar) ou boleto bancário.
Com o projeto aprovado pelo governo do Estado, a CCR manteria a concessão por um período de 20 a 30 anos.
A apresentação do projeto foi bem completa, com mapas, calendário para cada fase de ampliação da estrada, iniciando pelo trecho em frente ao acesso à Avenida Escola Politécnica e ao Carrefour. Em seguida, o trecho da Granja, depois a chegada à Capital (retirando o semáforo do km 12/13), e, por fim, o trecho que vai da Granja até o km 34, onde hoje começa a área sob administração da CCR.
Ficam aqui algumas questões, caso o projeto seja aprovado:
· A fluidez do trânsito trará ganhos como: economia da gasolina, tempo, menos poluição etc, mas ao mesmo tempo o pedágio sairá caro para quem usa a rodovia todos os dias. O custo/benefício, para essas pessoas, compensará?
· A Rodovia Castelo Branco já passou por um processo semelhante de ampliação. A longo prazo, é possível afirmar que seu fluxo melhorou após a ampliação do número de faixas?
· Como será feita a desapropriação de indústrias, escolas e grandes estabelecimentos que se localizam às margens da Raposo?
· Não seria mais eficiente e mais barato para população a construção do monorail, conforme projeto já aventado?
· A solução para Raposo Tavares não estaria em políticas mais radicais de ocupação do solo, evitando a proliferação de condomínios e consequente aumento na quantidade de veículos trafegando pela rodovia?
Todas estas questões são importantes para a viabilização do projeto. Esperamos, com isso, que o poder público se mobilize em torno do assunto para que a população possa ter esses benefícios a curto prazo.
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