Nos primeiros quatro meses do ano, São Paulo, uma das metrópoles menos verdes do mundo, perdeu 12.187 árvores. É como se quase um Ibirapuera inteiro tivesse sumido entre 1º de janeiro a 30 de abril. Os números fazem parte de um levantamento da Comissão do Verde e do Meio Ambiente da Câmara Municipal.
Todos os cortes – que incluem também pedidos particulares e a retirada de 621 árvores mortas (5,1% do total) – foram autorizadas pela Prefeitura. O governo sempre exige um replantio de mudas maior do que o número de cortes autorizados. Mas a eficácia dessa compensação ambiental é duvidosa e muitas vezes executada sem sucesso ou qualquer tipo de fiscalização.
Pelas autorizações de 2010, é possível observar, por exemplo, como alguns dos últimos fragmentos de mata na região do Morumbi estão desaparecendo para dar lugar a torres com mais de 20 andares.
A impermeabilização avança sobre terrenos localizados entre o Panamby e a Vila Andrade, em um imenso matagal que ainda separava os condomínios de classe média alta das favelas do Campo Limpo. Sem a mata, que agregava espécies nativas da Mata Atlântica, como araucárias e aroeiras, essa divisão praticamente sumiu – e o ar agradável da região também parece estar com os dias contados. Nesse miolo desmatado do Morumbi surgiu há uma década o bairro Jardim Sul, onde praticamente só existem condomínios fechados de alto padrão.
Bairros como Butantã, Jardim Sul e o Panamby, cobertos de floresta nativa há menos de duas décadas atrás, são hoje verdadeiros aglomerados de altas torres em condomínios fechados. E as ameaças prosseguem, como nas matas na frente do Parque Burle Marx e no Colégio Nossa Senhora do Morumbi.
A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente afirma que seus fiscais vão a campo conferir “árvore por árvore plantada” segundo as exigências dos termos de Compensação Ambiental (TCAs).
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