sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia mundial do meio ambiente

Como “comemorar” a poluição causada pela Sabesp e o governo do Estado?
Na Semana do Meio Ambiente (5 de junho foi o seu dia mundial) os paulistas, infelizmente, não têm motivos para comemorar. Basta citar o desrespeito que tem marcado os governos à frente do estado mais rico na nação. São muitos exemplos de ações, ou falta delas, que demonstram isso. Recente reportagens publicadas pelos jornais “O Estado de São Paulo” e "Folha de São Paulo” revelaram que a Dersa entregou apenas um parque, de sete prometidos, como compensação ambiental do Rodoanel Sul e a Sabesp continua poluindo de forma criminosa os rios Pinheiros e Tietê. Sobre estes assuntos, deputados de nossa Assembléia protocolaram requerimento junto à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável convocando audiência pública para discutir o assunto. Municípios cortados pelo Trecho Sul foram informados de que os parques seriam entregues pelo Dersa até o fim do ano passado. A empresa seria responsável por desapropriar as áreas, cercá-las e construir prédios e equipamentos necessários para depois entregá-los às prefeituras, mas até agora, apenas o de Embu foi repassado e está distante de se tornar parque. Além disso, o governo do Estado deve aplicar R$ 5 bilhões em uma obra que pode aumentar o problema de enchentes na Capital. O cálculo inicial indica que devem ser suprimidos 98 hectares de vegetação nativa, e especialistas alertam para, entre outras questões, o risco de mais enchentes em São Paulo. Por outro lado, os gastos anunciados pelo governador Alckmin para o combate às enchentes é seis vezes menor – R$ 800 milhões.
Sabesp continua poluindo e deve responder ao MP
Outro ponto que não podemos deixar de citar, são as matérias publicadas em todos os jornais do GRUPO 1, fundamentadas e sem nenhuma resposta por parte da Cia. e Saneamento Básico do Estado de São Paulo. A comunidade de toda a região Sudoeste está solicitando por parte da coordenação da Área do Meio Ambiente do Ministério Público, estudos para apurar supostas irregularidades na Sabesp, com prejuízos a toda a população, como taxas duplamente cobradas (fornecimento de água e “afastamento” de esgoto e sem tratamento adequado, despejado in natura nos rios Tietê e Pinheiros) e com serviços de qualidade duvidosas do anunciado. Ficamos pasmos com o número de reclamações e condenações da Sabesp no Tribunal de Justiça e no MP. Um descaso e desrespeito com a população, já que todas estas denúncias já foram alvo de manifestações e críticas de deputados na Assembléia e vereadores na Câmara Municipal.
Sobre esta prática e suas irregularidades, explica o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, especialista no assunto e membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP, os pecados da Sabesp:
·         “Não investe em novos mananciais há quase 30 anos, após a inauguração do Sistema Cantareira, bem como em tratamentos avançados das nossas águas de abastecimento, absolutamente necessários em função da péssima qualidade da água dos mananciais e em consequência à água não potável distribuída à população”.  
·         “Não investe na proteção dos mananciais”.
·         “Não investe na ampliação das Estações de Tratamento de Esgotos há 15 anos”.
·         “Despeja 50 m³/s de esgotos sem tratamentos nos rios, córregos e até nos próprios mananciais de abastecimento transformando esses corpos d'água em canais de esgoto a céu aberto”.
·         “Mesmo sem tratar os esgotos cobra pela prestação desse serviço sem prestá-lo”.
·         “Opera os seus reservatórios de forma irresponsável permitindo que nos períodos chuvosos atinjam limites incompatíveis com a obrigação que teriam de contemplar o controle de cheias, promovendo descargas para jusante alagando cidades e populações ribeirinhas”.
·         “Não permite controles externos da qualidade das águas que distribui”.
·         “Não permite controles externos do seu sistema tarifário”.
·         “Toda a gestão da empresa é feita para satisfazer os seus acionistas, sem demonstrar a mesma preocupação com os usuários”.
Finalmente, vemos a prática de política retrógrada da “troca de cadeiras” todos estes anos, onde a secretária de Recursos Hídricos vai para a Sabesp e vice-versa e o atual secretário desconhece os problemas e não responde aos anseios da população. E mais: lança o programa faraônico “Nossa Guarapiranga...” com o intuito de recuperar a represa que a própria Sabesp polui e vai continuar poluindo, junto com a falta de fiscalização de suas margens pelo executivo paulistano, corroborado pelo governo do Estado.
É o fim... ou melhor, só o começo do governo!
Tudo isto nos faz lembrar o antigo jargão: “Faça o que eu mando... mas não faça o que eu faço!
Gaston Bonnet, jornalista

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