sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sabesp segue o Paulistano e polui todos os lugares

Se não bastassem todos os desmandos praticados durante anos pela Sabesp em relação à falta de tratamento dos esgotos da região metropolitana de São Paulo, às vésperas do tradicional Festival Internacional de Inverno, Campos do Jordão, a 180 km de São Paulo, não possui ainda coletores tronco para tratamento de seus esgotos. Resultado: os milhares de visitantes, principalmente paulistanos que visitam a cidade, principalmente nesta época do ano nem faz ideia que os rios que cortam a estância climática recebem 100% do esgoto produzido no município, sem tratamento. Lagos também recebem dejetos in natura, segundo reportagem do "Estado de São Paulo" do último domingo dia 15. 
As promessas da Sabesp em dar início às obras da estação de tratamento já viraram lenda para a população local, bem como nas cidades litorâneas e do interior. Em uma mercearia no Morro das Andorinhas, região da mata ocupada ilegalmente que pode ser avistada logo na entrada da cidade, moradores e comerciantes pagam por um tratamento de esgoto que não recebem. Eles relembram da promessa ouvida quando chegaram à cidade, há 41 anos.
O risco de contágio de doenças também preocupa gente que vive perto do rio. Até mesmo quem trabalhou na medição de terrenos para o projeto de criação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) não acredita na solução do problema.
Problema antigo
O engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, que deixou a presidência da Fundação Agência da Bacia do Alto Tietê em maio de 2006 e atualmente é membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, fez uma análise da situação dos esgotos na região metropolitana de São Paulo e em sua opinião, ao lado do Uso e Ocupação do Solo e do Trânsito se constitui num dos maiores desafios dessa região não só pelo tamanho como principalmente pela extrema dificuldade em solucioná-lo satisfatoriamente. Explicou que na época (hoje é muito mais) a região produzia cerca de 65m³/s de esgotos sanitários dos quais apenas 13,5m³/s, 20%, são tratados. Mais de 50m³/s são lançados “in natura” no Rio Tietê que durante as estiagens apresenta vazão natural menor do que 15m³/s. Por isso que nas estiagens não observamos mais o rio baixar o seu nível. Não é mais um rio, é um canal de esgotos.
Volume de esgotos
Cristalina, a água de um dos principais afluentes do Rio Pinheiros antes de ele ter seu fluxo invertido, em meados do século passado, nasce de uma fonte encravada na Serra do Mar, em Paranapiacaba (distrito de Santo André, no ABC paulista).
No início da década de 1970 a região metropolitana de São Paulo praticamente não dispunha de sistema de esgotos: apenas 10% da população era servida, e apenas por rede coletora. A Sabesp criada em 1973 iniciou o programa pela construção, porém apenas de redes coletoras (tirar os esgotos dos quintais e das sarjetas para diminuir a mortalidade infantil o que fez até o início do Projeto Tietê em 1992 – 20 anos - Governadores  Natel – Egídio – Maluf – Montoro e Quércia). Como não havia coletores  tronco, interceptores, emissários e estações de tratamento, as redes lançavam tudo “in natura” nos córregos e rios: baixaram os índices de mortalidade infantil mas acabaram com os rios e córregos. Por aí pode-se avaliar o volume de esgotos “irregulares” que até hoje estão nos córregos e rios.
Sabesp vai ter obrigação de responder ao Legislativo
A denúncia de irregularidades nos serviços e na Sabesp, vão ter que ser obrigatoriamente respondidos ao legislativo municipal, depois da denúncia do vereador Aurélio Miguel: "O trabalho da Sabesp deveria ser tão cristalino quanto a água tratada que essa empresa promete entregar nos lares paulistanos. Mas em boa parte de suas ações, a atuação dela é tão clara e perfumada como o material que ela despeja sem nenhum cuidado no já poluído rio Pinheiros. Para tentar desvendar o mistério das águas dessa empresa de capital misto e com ações na Bolsa de Valores é que estou acionando a Secretaria de Habitação de São Paulo, responsável pelo Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infra-Estrutura. A Câmara Municipal de São Paulo tem que ser informada sobre todas as suas atividades. Como vereador e cidadão quero saber de onde vem as verbas destinadas a empresa, para onde elas vão e onde ficam depositadas. E, claro, como e se são aplicadas.", concluiu. A empresa tem trinta dias para responder.

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