A Prefeitura de São Paulo cancelou a venda de areas publicas na regiao ao setor imobiliario |
A Prefeitura de São Paulo voltou atrás na decisão de vender os terrenos onde estão instalados o “Quarteirão da Cultura”, no Itaim Bibi, e a Subprefeitura de Pinheiros. Entre os possíveis motivos da desistência estão o curto prazo para concluir as negociações das áreas públicas até dezembro e a pressão dos paulistanos, que se posicionaram contra a iniciativa. No entanto, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) declarou que deixará o projeto em aberto para o seu sucessor.
No caso do Quarteirão da Cultura, espaço de 20 mil m2 no Itaim Bibi, onde estão instaladas escolas, unidades de saúde e um teatro, a Prefeitura já enfrentava obstáculos na negociação com o mercado imobiliário. A população do bairro, junto a entidades civis, entrou com pedido de tombamento da área no Conselho do Patrimônio Histórico Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo (Condephaat), que congelou o processo de venda até a conclusão de um estudo técnico sobre o local.
O terreno no Itaim Bibi é formado pelas ruas Lopes Neto, Cojuba, Salvador Cardoso e Horácio Lafer, sendo apelidado de “Quarteirão da Cultura” pelos moradores das imediações. Eles defendem a tese de que o espaço foi desenvolvido com base no conceito “escola-parque”, criado nos anos 1930 pelo educador Anísio Teixeira, utilizado como base na solicitação ao Condephaat.
Porém, a demora nos trabalhos do órgão estadual fez o negócio com o mercado imobiliário ser adiado, visto que o mandato do prefeito Gilberto Kassab, iniciado em 2008, termina no final do ano. “O projeto ficará para o meu sucessor continuar”, alertou ele ao jornal Oesp.
Quanto ao espaço onde está a Subprefeitura de Pinheiros, na Avenida Nações Unidas, 7.123, a venda já era impedida por questões judiciais. O entrave se dava em função do Plano Diretor, que especifica no local a implantação de um parque público. Problemas na matrícula do imóvel é outro fator que dificulta a sua transferência de posse.
Creches como troca
A negociação de áreas públicas era uma aposta de Gilberto Kassab para zerar o déficit de vagas nas creches municipais. A ideia consistia em oferecer 20 terrenos ao setor imobiliário em troca da construção das unidades infantis. O estudo da iniciativa era coordenado pelo secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho, Marcos Cintra.
O lote mais valorizado na lista da Prefeitura seria o do Itaim Bibi, avaliado pela Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio (Embraesp) em R$ 140 milhões. Já o imóvel da Subprefeitura de Pinheiros, situado num espaço de 34 mil m2, está calculado em torno de R$ 100 milhões, o segundo mais valioso dos 20 terrenos que seriam colocados à venda.
Para o Movimento Nossa São Paulo, o planejamento realizado pela secretaria de Marcos Cintra não teria necessidade de ser viabilizado. Isso porque, segundo a entidade, a administração municipal pode acessar recursos suficientes para a implantação das creches, por meio de convênios com a União e o governo do Estado.
Luta da população
No ano passado, quando o processo de venda das áreas públicas foi intensificado pela Prefeitura, a população da região de Pinheiros se manifestou. Para demonstrar a revolta contra o projeto, representantes de 15 entidades civis da zona Oeste se reuniram na sede da Gazeta de Pinheiros - Grupo 1 de Jornais para discutir estratégias a fim de pressionar a administração municipal a desistir das negociações dos terrenos do Quarteirão da Cultura e da subprefeitura.
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