sexta-feira, 23 de março de 2012

Kobra retrata passado paulistano em caixa d´água gigante

Conhecido por suas obras de rua que retratam a cidade de São Paulo de outras épocas, o muralista Eduardo Kobra agora desenvolve um novo projeto, dessa vez em Santo Amaro. O trabalho mais recente do artista retrata o antigo centro paulistano dos anos 1950 no corpo de uma imensa caixa d´água localizada na Avenida Engenheiro Eusébio Tevaux, 823, dentro do campus do Centro Universitário Senac.
A obra terá 2 mil m2 , com 50 metros de altura e 40 de diâmetro, superando as dimensões do painel pintado por ele em 2009 na Avenida 23 de Maio, que até hoje era a sua “maior” pintura, com 1 mil m2. O trabalho deve ser concluído em 30 dias, mas até lá o público que passa pelas imediações do Senac poderá acompanhar o processo de criação do mural, onde Kobra conta com o apoio de mais quatro artistas.
Segundo o muralista, as dificuldades na execução do projeto não se restringem à altura da caixa d´água. “Pintar a 50 metros do chão dá medo quando há fortes rajadas de vento, nos fazendo balançar bastante, pois estamos pendurados por cabos. Mas o principal risco é a forma cilíndrica da estrutura, que impede o posicionamento ideal das cadeiras de segurança rente à parede”.
Para Kobra, o desafio vale a pena. “De todas as pesquisas iconográficas que já fiz, esta imagem é a mais bela, porque mostra toda a plenitude da cidade antiga, com bondes, prédios e pessoas elegantemente vestidas na Avenida São João”.
A obra no campus do Senac, parceiro da iniciativa, faz parte do projeto Muros da Memória, que faz releituras de cenas da São Paulo antiga, com base em fotos de arquivos. Apesar dos trabalhos na maioria das vezes serem alusivos à região central, Kobra não descarta a possibilidade de homenagear o passado de Santo Amaro e de Pinheiros em outras oportunidades.
Em 2007, Kobra deu vida ao muro da Igreja do Calvário, na Avenida Henrique Schaumann, onde foi retratado o cotidiano do Largo de Pinheiros no início do século 20.  “Para que uma nova ideia seja possível, basta um espaço adequado ao formato semelhante ao da imagem do bairro e um patrocinador”, afirmou ele, durante visita à redação, acompanhado pela diretora do Grupo 1 de Jornais, Ana Lúcia Donnini.
Na ocasião, Kobra pôde conferir a galeria anexa à sede do Grupo 1 de Jornais, onde estão expostas as telas da artista Vera Ferraz Donnini, que batiza o espaço com o carinhoso apelido “Veroska”.
Muralismo
Eduardo Kobra, 35 anos, descobriu seu talento para a arte em 1987, no bairro do Campo Limpo, onde começou como pichador na adolescência, migrando para o grafite em 1991, por meio do Hip Hop. Com o passar do tempo e influenciado por artistas internacionais, desenvolveu o projeto Muros da Memória que busca transformar a paisagem urbana e resgatar a memória da cidade, característica que o fez se considerar um muralista em vez de um grafiteiro. “Antes de fazer as minhas obras num local, peço sempre a autorização do proprietário, o que não é aceito pela maioria dos adeptos do grafite”.
A repercussão de Muros da Memória na capital paulista fez Eduardo Kobra receber convites para realizar intervenções em outras cidades brasileiras e do exterior. Hoje, ele inicia um novo projeto, o Greenpincel, com a característica de alertar e combater as agressões do homem ao meio ambiente. Mais em grupo1.com.br

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