quinta-feira, 24 de março de 2011

Crise crônica no abastecimento de água na zona Sul

O retrato deplorável de uma crise crônica de falta de  água assola alguns bairros da principal metrópole do País, mesmo num período chuvoso e com reservatórios cheios.
Em bairros como o Jardim Papai Noel, em Parelheiros, nos últimos 90 dias, a água só tem atingido alguns pontos mais altos  uma vez na semana– e por poucas horas.
A secura das torneiras já provocou a suspensão de aulas, de atendimento em posto de saúde e protestos que não se limitaram a ruas interditadas e pneus incendiados.
A revolta dos moradores já levou até um tipo de “sequestro” de equipes da estação estatal retidas e só liberadas com a promessa de fornecimento. Um funcionário da Sabesp estava a trabalho e foi cercado por dezenas de mulheres, jovens e crianças. O homem teve os pneus do carro esvaziados. E foi avisado: só poderia ir embora quando chegasse a água. A soltura, após mais de uma hora, ocorreu diante de um protocolo de “garantia” do fornecimento à noite. A água não durou nem um dia.
Assim como no Papai Noel, nas proximidades do Cantinho do Céu, também na periferia da zona Sul, a situação é intensa. Moradores dos bairros mais altos caminham quilômetros para áreas mais baixas sem busca de água pelo menos para fazer a comida. Outros pedem ajuda a vizinhos que têm poços de água – alguns rejeitam porque crianças passam mal com a água de poço.
Cenas do tipo, com veículos da Sabesp confiscados, já viraram rotina em outras áreas das  zonas Sul e Norte da cidade.
A estatal diz que foram “casos isolados”, em períodos de maior intermitência e junto com falta de energia. Ela aponta três explicações para a recente seca na periferia.  Primeiro, a alta de até 40 % no uso de água em alguns lugares, devido a temperaturas recordes. Segundo, quedas recorrentes de energia que afetaram bombas (que demoram meia hora até serem religadas) e prejudicaram a produção – num volume equivalente ao consumo de 150 mil habitantes em um mês. Por fim, cita interferência por ligações clandestinas.
A Sabesp não revela estimativa de pessoas afetadas. Cita obras previstas para concluir de abril de 2011 até 2012.

Nenhum comentário:

Postar um comentário