De acordo com dados do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), a zona Oeste é a região mais alagada da capital paulista desde 2004. Porém, grandes projetos da Prefeitura de São Paulo desenvolvidos há anos para evitar problemas gerados pelas chuvas ainda não saíram do papel, como a construção de piscinões e galerias pluviais nos distritos de Pinheiros e Lapa.
A zona Oeste tem problemas com as chuvas devido às características dos bairros que ficam próximos do Rio Pinheiros, como Pinheiros, Vila Madalena, Butantã e Lapa, onde até os anos 1950 alguns córregos corriam a céu aberto. Depois, os ribeirões foram canalizados para dar lugar a grandes edificações, que, juntas à chegada do asfalto, impermeabilizaram o solo.
Em Pinheiros, uma das principais obras previstas é um piscinão para impedir alagamentos no encontro das avenidas Rebouças e Brasil com a Rua Henrique Schaumann. O reservatório deveria ser implantado na Praça Portugal, próximo da área prejudicada pelas chuvas. No entanto, os custos necessários para a viabilização da iniciativa e os possíveis impactos urbanísticos no entorno ainda impedem o projeto.
Também na região de Pinheiros, mas precisamente no bairro do Jardim das Bandeiras, a administração municipal prevê a construção de outro piscinão, nas praças General Oliveira Álvares e Jaques Bellange, ao custo de R$ 25 milhões. Porém, moradores locais conseguiram congelar a obra na Justiça, pois alegam prováveis impactos ambientais nos entornos caso o projeto seja viabilizado. Como alternativa, eles defendem a reforma de um antigo sistema de galerias, com ligação direta ao Rio Pinheiros.
Mas, enquanto nenhuma das intervenções se inicia de fato, o Jardim das Bandeiras e o bairro vizinho, Vila Madalena, sofrem com enchentes e a abertura de grandes buracos nas vias; alguns engolindo até carros, como no caso da Rua Cipriano Juca, em janeiro.
As galerias também poderão ser a opção mais viável na região da Lapa, onde os moradores sofrem com as chuvas que causam alagamentos frequentes no cruzamento das avenidas Francisco Matarazzo e Pompéia, e também na Rua Turiaçu, próximo da Praça Marrey Júnior.
Na região, a Prefeitura há anos cogita implantar um piscinão, porém os altos custos com desapropriações dificultam o projeto, que já consumiu com outros estudos contra as chuvas cerca de R$ 500 mil. Hoje, a construção de novas galerias para os córregos Água Preta e Sumaré, estimadas em R$ 90 milhões, são indicadas como a melhor alternativa para os alagamentos. O edital da licitação deve ser publicado em 30 dias.
Exemplo de planejamento
Em Tóquio a ocorrência de grandes enchentes é rara, pois o subsolo da capital japonesa possui galerias de grandes proporções, compostas por cinco poços de 32 m de diâmetro por 65 m de profundidade, interligados por 64 quilômetros de túneis. O sistema ainda conta com turbinas capazes de bombear até 200 toneladas de água para os rios.
Já na cidade de São Paulo, os investimentos são mais modestos, não só da Prefeitura, pois o governo do Estado não cumpriu na totalidade o planejamento contra enchentes que havia proposto em 1998, que incluía entre as intervenções a construção de 134 piscinões. Hoje só estão em operação 44 destes reservatórios e não há mais terrenos disponíveis para a implantação dos demais. “Há 13 anos existiam outros meios para se conter os alagamentos, além dos piscinões. Porém, atualmente eles são a única saída, sendo que as vazões previstas nesse projeto já estavam superadas em 25% na época em que foi desenvolvido”, afirma o ex-presidente do Comitê da Bacia do Alto Tietê, Julio Cerqueira César Neto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário